MEMORIAL DESCRITIVO
O projeto arquitetônico de preservação de um bem cultural e histórico deve atinar para uma metodologia avaliando a forma,meios e objetivos a serem atendidos.
A maioria dos monumentos encontram-se sufocados na malha urbana e a sua restauração encarada dentro do preceito: “cada caso é um caso” ou melhor, da individualização do tratamento. Levando-se em conta a situação atual, as interferências dentro de um quadro de prioridades urbanas, culturais e turísticas, e principalmente tendo em vista os valores estéticos e emocionais de beleza para espectador.
Todas as interferências a serem introduzidas devem deixar claro a importância do bem histórico cultural, determinando os pontos principais de visão, que possam oferecer o impacto de uma primeira leitura visual – é hoje como era no passado de extrema importância.
Existem duas formas de tratamento; a primeira da preservação do que resta do monumento, destacando-o das interferências que possam vir do entorno, criando os pontos principais de visada.
Este existe estático – registro de um momento, torna-se uma grande escultura. Exemplo da igreja do povoado jesuítico das missões no Rio Grande do Sul, onde o arquiteto Lucas Mayhorfer realizou sua restauração, desmontando todas as pedras, numerando cada uma, em seguida consolidando as fundações e remontando tudo, deixando estabilizada para o futuro. Como resultado o sítio e o que restava da Igreja servem de administração e de um registro histórico, cultural e turístico.
A segunda trata-se da maioria dos casos, encontram-se dentro do espaço urbano, adaptados a novas formas de utilização, sofrendo todo tipo de interferência e de intervenções que destroem parte de seu valor.
Tem uma atividade – dinâmica de constantes mutações e devem ser tratados levando em conta o binário – restauração e reconstituição, adaptadas as necessidades e tecnologia contemporânea, na medida de suas necessidades e lay out. É o exemplo do Teatro Arthur Azevedo, que foi restaurado e reconstituído de forma de um teatro clássico de ópera, trazendo para o presente toda pujança de uma belle èpoque com conforto e tecnologia. E quando o Jornal Le Figaro em Paris, publicou uma reportagem sobre São Luis (cidade irmã de Paris), fez uma única recomendação sobre arquitetura local aos seus concidadãos: “quando vocês forem a São Luis, não deixem de visitar o Teatro Artur Azevedo magnificamente restaurado”.
Agora com o Palácio restaurado, urge o mesmo tratamento à fortaleza de São Luiz, cidadela que defendeu e gerou o povoado que hoje é a cidade de São Luiz.
Esta tarefa deve ser feita por partes, iniciando-se no momento pela face voltada para a Baía de São Marcos, que foi muito prejudicada por 2 intervenções no Século XX, que transformaram a sua presença a forma insignificante.
A primeira foi o rompimento da 2a. muralha no lado direito e a abertura de um acesso em rampa a cidade Alta (1948).
A segunda foi o prolongamento da Av. Cais da Sagração através do 1o. plano e transformado seus muros descaracterizados, decorando-a com equipamentos exógenos ao sentido original (bancos, luminárias, canteiros, coreto, etc.).
Evidente que a cidade cresceu, tomando outro caráter de urbe e no momento a obrigação do arquiteto é compatibilizar os dois aspectos: primeiro retornar tanto possível o caráter de fortaleza, segundo procurar possibilitar que a cidade não perca as artérias que foram introduzidas por efeito de seu crescimento e fluxo de trânsito.
Desta forma é que fizemos uma sugestão, baseada em evidências diversas, em outras cidades do Brasil, da Europa e das Américas.
Naturalmente a compatibilização passa por uma interpolação do antigo e do contemporâneo – que devem ser harmonizados dando o caráter necessário ao sentido de fortificação, e ao mesmo tempo conciliar com as novas funções, congregadas ao sentido plástico da beleza e monumentabilidade.
Pensando nesta harmonia, respeitando o parecer do IPHAN e do arquiteto Jose Luiz da Mota Menezes, autor do trabalho de pesquisa anexo, é que apresentamos nosso projeto de recuperação.
O PROJETO
Propomos restaurar o caráter de fortaleza:
1o. Reconsntruir a 2a. Murada do lado direito criando um cunhal em pedra idêntido ao existente no lado direito, isto com fins de restabelecer seu caráter e monumentabilidade.
2o. Restaurar a modenatura das paredes, eliminando as introduções existentes e restabelecendo a aplicação de argamassa na Muranha, baseada na justificativa apresentada pelo trabalho de José Luiz da Mota Menezes.(Anexo), deixando abertura de acesso no momento a Av. Pedro II, posteriormente ao Túnel que complementa a restauração da Praça, em torno do conjunto arquitetônico do Palácio e suas visuais mais importantes. Em continuação será reconstituído a rampa antiga que dava acesso a Cidade Alta. A pavimentação existente no prolongamento da Av. Cais da Sagração, será substituida por uma nova paginação adotada em Portugal para os sítios históricos (ver fotos).
3o. Procurar resolver o problema da iluminação pública, com iluminação embutida do posteamento e propondo uma iluminação por refletores embutidos que darão sem dúvida uma dramaticidade ao espaço, com reflexão da luz sobre o paredão.
4o. Aceitar a sugestão do Arquiteto Jose Luiz da Mota Menezes, quanto aos baluartes existentes na 1a. murada, criando um apoio elevação em pedra para as bases dos antigos canhões, e uma iluminação também embutida, dando destaque as peças de artilharia.
Com isto procurar reformar a importância da fortificação e seu destaque na cidade, utilizando uma nova forma de expressão que nos parece compatibilizar o antigo e o contemporâneo na memória do visitante – isto é o que fazem em todas as partes do mundo civilizado.