Por Gilson Miranda
Acácio Gil Borsoi constitui um capítulo à parte na história da arquitetura moderna brasileira desta segunda metade do século. As circunstâncias, a militância profissional, o exercício de cidadania e seu e seu “espírito inovador e humanista” acabaram assegurando-lhe o papel de condotiere de um processo gerador de uma identidade arquitetônica peculiar, embora afinada com os princípios modernos.
Ao chegar ao Recife, nos anos 50, ele abre uma trilha, com ressonâncias e ramificações por todo o Nordeste. Yves Bruand afirma, em “Arquitetura Contemporânea no Brasil”que a “renovação da arquitetura em Recife é relativamente recente se for deixada de lado a atuação de Luis Nunes (nos anos 30). De fato, ela ocorre apenas depois de 1950 e deve-se ao estabelecimento, na capital pernambucana, de dois jovens arquitetos, um vindo do Rio, outro de Portugal: Acácio Gil Borsoi e Delfim Amorim”. Cada um, seguindo a própria sensibilidade, experiência e bagagem culturais, projeta residências, edifícios unifamiliares ou administrativos, que são referênciais do habitat nordestino.
No caso de Borsoi, a escala se amplia, adquirindo contornos pessoais, históricos e culturais específicos. Aos poucos, tece sua linguagem fortemente atrelada ao legado moderno brasileiro, via “escola carioca” , mas re-interpretada a partir das condições climáticas e da tradição cultural do lugar, em que a luz e a sombra fazem parte essencial da composição. Uma linguagem intimamente vinculada à pesquisa e à construção.